terça-feira, 31 de dezembro de 2019

O ovo e a cadeira - Um aprendizado de 2019.


 
    Eu vinha trabalhando em uma empresa X desde junho, trabalhar lá não me fazia bem, mas por outro lado eu aprendi duas lições importantes que eu gostaria de deixar registradas. 
    O final desde ano tem sido difícil de lidar, muitas mudanças e eu me sentindo muito sozinha. O trabalho nessa empresa era só mais um dos motivos de eu ficar mal. Além de trabalhar trancada em uma sala 4 dias por semana, eu ainda precisava fazer um curso às terças-feiras, o qual me fazia sentir quase que pior do que nos outros dias da semana. Porém neste curso eu conheci pessoas incríveis, pessoas com as quais eu me apeguei rapidamente e sempre que possível dava meu máximo pra faze-las sentir bem. E essas pessoas também queriam o mesmo pra mim e isso me deixou impressionada. 
    Algumas me disseram coisas pro meu crescimento e me deram encorajamento, outras, mesmo tendo me conhecido por apenas algumas horas, decidiram me ajudar a realizar meus objetivos. E eu comentei sobre isso com uma colega no serviço e é ai que começa a história sobre o ovo. 
    Esta minha colega, depois de me ouvir, disse que eu não deveria ficar tão surpresa com a bondade dos outros ao meu redor, que eu não devia sentir que estou sozinha só porque não estava com os amigos que conheço a anos; e que eu devia arriscar mais pra cumprir minhas metas, porque eu sou capaz e só precisava acreditar em mim.
   Eis que agora, 6 meses depois, eu estou em outro emprego, estou pondo o pé na estrada, cheia de amigos novos ao meu redor e muito orgulhosa de quem estou me tornando. Mais uma vez quando comentei isso com minha colega, ela me disse "Você está saindo do seu ovo. Você viveu sempre no quentinho, embaixos das asas do comodismo e agora você está quebrando essa redoma que tinha em volta de você e descobrindo como o mundo é maior, mais colorido e com mais possibilidades do que você achava que existiam" E gente!!! Como é bom sair do ovo!!
    Nós e quando digo nós estou falando de mim temos tanto medo do desconhecido, tanto medo de rejeição que muitas vezes deixamos de viver experiencias incríveis pelo simples medo de não dar um passo a mais.
    Eu tive medo de ir em uma entrevista de emprego em um lugar movimentado, mas fui mesmo assim. Resultado? Eu estou amando trabalhar lá agora.
   Eu não dei muita credibilidade quando amigas me falaram que me ajudariam com o que fosse possível pra realizar meus objetivos, só porque eu não conhecia elas a muito tempo. Resultado? Passei uma tarde muito gostosa ao lado delas e agora estou praticamente escolhendo um lugar pra morar com as coisinhas que ganhei.
   Eu tinha medo do meu jeito espontânea de ser, do jeito maluco de me vestir confortavelmente, mas estou pouco a pouco deixando ele pra trás. Resultado? As pessoas vivem me dizendo como é bom estar ao meu redor, como eu animo o ambiente; e isso me faz muito bem.
   A dias atrás eu estava entrando em um quadro de ansiedade e pelo corajoso fato de quebrar meu ovo, eu agora acordo disposta todas as manhãs, com vontade de caminhar, de me maquiar e sair viver o dia.

A história da cadeira só veio no meu ultimo dia de trabalho na empresa X. Quando eu me despedi de um dos meninos da firma e ele me elogiou dizendo "Eu queria inclusive te elogiar pelo dia em que você resolveu o problema com o Ciclano, quando ele falou alto com você e você respondeu ele, dizendo que com você ele não podia gritar, que nem seu pai te tratava daquele jeito então que ele não poderia achar que tinha a liberdade de fazer diferente. Na empresa X as coisas acontecem por troca de favores, eu vou fazer algo pra você porque depois eu queria que você fizesse tal coisa por mim. As pessoas te tratam de certa forma, com ar de superioridade porque sempre sentaram nessa cadeira, porque sempre trataram os outros assim, mas a partir do momento em que você corta essa corrente, é ai que você contribui pra uma empresa melhor. Então no seu próximo emprego e em todas as áreas da vida, se alguém te tratar de um modo que você não quer ser tratada, diga 'vamos trocar essa cadeira, as coisas não são bem assim' e assim você ajuda outra pessoa a melhorar e quebrar a linhagem."
   Eu particularmente acho muito difícil me impor, na situação que ele citou, eu realmente falei pro Ciclano não falar com aquele tom de voz comigo, mas eu fiz isso com lagrimas nos olhos, mas ainda assim eu fiz. E o que aconteceu? A linhagem não foi quebrada, eu ainda ouvia a pessoa gritando por todos os lados, mas quando ela se dirigia a mim, ela diminuía o tom.
   O mesmo aconteceu no meu novo emprego, quando eu disse minha condição de trabalho, que precisava de folga em determinado dia, que não abriria mão dele e que se não tivesse esse acordo eu infelizmente não poderia ficar com a vaga. Também defendi minha vontade quase chorando, mas no final de tudo fiquei com o que queria.
   Espero sempre lembrar de troca a cadeira quando eu me sentir incomodada com algo. As vezes a cadeira não vai sumir, mas o simples fato de eu não sentar próxima a ela na mesa das relações já me faz sentir bem.

Trabalhar por 6 meses na empresa X foi um grande desafio pra mim, mas de lá levo comigo novos bons amigos, um ovo e uma cadeira.